Fui à janela do meu quarto, a esta hora não vejo ninguém na
rua, as ruas estão desertas, só vejo a neblina da noite que cobre todas as
ruas, um silêncio que paira sobre as árvores que albergam os ninhos dos pássaros,
nos seus ramos frágeis, imunes ao frio do Inverno. O frio quase estala as
janelas dos carros, que estão cheios de orvalho da noite, até o céu sem nuvens chora.
Tudo respeita a magia da noite, todos mantêm-se em silêncio,
neste silêncio que doí nos ouvidos dos pensamentos, de quem está acordado.
Quem dorme não consegue notar a importância destes momentos,
destas horas onde estamos mais próximos de nós, porque o restante que nos
rodeia, que não importa, está em silêncio.
Consigo ouvir-me a mim, os meus sonhos a falar mais alto, imaginar
os momentos que gostava de ter passado durante o dia, ao teu lado, aquilo que
gostava de te ter dito nas mensagens que escrevi e não enviei.
Consigo quebrar aquele silêncio, que para os outros continua
a ser igual, mas para mim é diferente e especial porque é nele que ficam
gravados os meus pensamentos.
Consigo olhar para mim e ver onde talvez falhei, onde talvez
falho todos os dias. Todos falhamos, se não falhássemos eramos imortais.
Consigo pensar em ti, declarar todo este amor que palpita no
coração, e tentar salpicar com pinceis nestas palavras, frases, textos, que um
dia gostava de tos ler e oferecer. Aliás o amor não se consegue exprimir completamente
em palavras, o amor é sentido no olhar de quem consegue declarar um texto a
alguém, olhos nos olhos, e sentir cada palavra que escreveu nos olhos de quem
se ama, na importância que aquela pessoa tem.
Gostava de um dia poder fazer isso, olhar-te nos olhos e
poder transmitir isso, poder oferecer-te este amor que é teu, e sem ele não
consigo viver.
Como sei que é impossível, continuarei a gravar esses
momentos, os meus pensamentos no silêncio do dia e da noite, e se um dia
quiseres sentir tudo o que sou, fecha os olhos e ouve o que o silêncio tem para
te dizer.
23 DEZ, 2016 0
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